Margela Arnold atualmente desenvolve um trabalho de pesquisa nas Artes Visuais por meio do desenho, voltado às questões do tempo e da memória, levando em consideração aspectos que percebe do mundo, entre eles a crescente fragmentação e a disjunção na contemporaneidade. Fazendo uma reflexão sobre a menina contemporânea em seu rito de passagem, da adolescência para fase adulta.
A artista Margela Arnold é natural de Novo Hamburgo, RS, formada em Artes Visuais pela Univ. FEEVALE/NH (2009), especialização em Ed. Inclusiva pela Univ. Cidade de São Paulo/UNICID (2011) e especialização em Poéticas Visuais pela Univ. FEEVALE/NH (2018). Mestra em Memória Social e Bens Culturais pela Univ. La Salle/Canoas (2015). Artista visual reside e trabalha em Novo Hamburgo. Em 2018 foi contemplada com Grafia do Olhar no edital “Pró-Cultura RS-FAC Memória e Patrimônio”, nº14/2016, que teve como objetivo revelar através da fotografia memórias do Colégio Est. Sen. Alberto Pasqualini/ Hamburgo Velho, NH.
A Grafia do Olhar explorou as questões da memória vinculadas à fotografia, voltando-se à formação de um olhar educado que desencadeasse sensíveis percepções. Situou o espaço do Colégio Est. Senador Alberto Pasqualini, integrante do Patrimônio Histórico do RS, localizado em Hamburgo Velho, Novo Hamburgo. Referiu-se às maneiras de perceber os fragmentos do cotidiano, possibilitando experiências capazes de provocações estéticas. A fotografia força uma pausa para refletir diante de detalhes que passam despercebidos aos olhares. O registro das paredes pichadas e por extensão o prédio da escola são claras representações dos entrelaçamentos da história do colégio e das histórias dos alunos. Através da fotografia percebeu-se que buscam formas de visibilidade. O Outro é invisível, assim como Ele também é. A palavra pichação não designa apenas à escrita, mas a uma narrativa das sensibilidades. O experimento foi vivenciado por um grupo de alunos dessa instituição. Notou-se a passagem do tempo na cena fotografada e, com isso, a fugacidade da própria existência. Nesse constante diálogo entre o presente e o passado, esse tomado sempre como memória, a fotografia significou muito mais do que mera ferramenta de registro da atualidade: um caminho para uma educação patrimonial, vinculada com as artes, comprometida com o momento histórico que estamos vivenciando.
O entrelaçamento dessas várias vivências forneceu elementos para pensar a poética do desenho de meninas, ALICES. As sobreposições da parafina, como do pastel, sugerem, palimpsestos. Isso determinou sobreposições de tempo. O tempo dos tons da tinta e dos traços, seguido dos tempos de espera do fazer, deram sequência ao desenho. Tal maneira de trabalhar revelou rastros, manchas, danças de grafismos, que se misturaram em campos de passagens. Essa transição se constitui em experimentar novas vivências diante das incertezas da existência.