Referência em arte no Brasil, Ernesto Frederico Scheffel incorporou referências antigas e contemporâneas em suas obras, pinturas em diversas técnicas. Mais de 350 de suas criações estão em exposição permanente na Fundação Scheffel, em Novo Hamburgo.
A obra do artista Ernesto Frederico Scheffel, a rigor, passa ao largo dos movimentos revolucionários do início do século, que provocaram terremotos e, ainda hoje, os provocam. Seu trabalho se enraíza na arte do passado, em especial na Arte Renascentista e em grande parte nas expressões que floresceram a partir da segunda metade do século XIX. Em especial, as correntes do Realismo, do Simbolismo e do Romantismo.
Scheffel bebeu de todas as fontes, além das contemporâneas. Sua opção pelo figurativismo foi sempre acompanhada por uma meticulosidade técnica que constitui um dos trunfos de sua afirmação pessoal. É preciso, igualmente, levar em consideração a parte documental da obra de Scheffel: um artista em que as raízes étnicas estão vivas, cujas ressonâncias psicossociológicas têm tudo a ver com a terra natal, inclusive com o gosto dessa terra.
De igual forma, a obra pictórica, gráfica e escultórica de Scheffel é a de um descendente de alemães que amou a terra de seus ancestrais, a despeito de sua vida, em grande parte, longe dela. É uma obra complexa, instigante e provocadora, com clareiras estéticas surpreendentes que possuem, entre outros méritos, o de propor uma reflexão permanente e fértil sobre o que a cultura precisa para não se esquecer de si mesma.
Definição por Armindo Trevisan, doutor em Filosofia pela Universidade de Fribourg (Suíça), docente em História da Arte e Estética na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).