Rosana Krug
Formada em Artes Visuais com especialização e mestrado em Arte/educação, Rosana Krug vive em São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Professora de ensino superior, a artista visual participa de mostras coletivas e individuais, desde 1985.
Através das vivências em desenho, pintura, objeto, escultura, fotografia e instalação identifiquei recorrências poéticas no orgânico. As inquietações com os suportes, técnicas, materiais e abordagens espaciais levaram à produção de objetos, esculturas e instalações têxteis, com costuras manuais. As costuras diferem em sentido em cada fase. Na primeira fase costurei "como se estivesse com os olhos vendados", para redescobrir no fluxo do fazer uma outra significação. Um viver primeiro sem condicionantes técnicos. Seriam costuras para reatar corpo- espírito. Meus processos de criação implicam o visual e o tátil na mesma intensidade, e foi a despretensiosa produção de fotografias que levou- me às imagens de pele. A pele compõe os corpos vivos dentro e fora, é o ponto nodal da mistura sensível entre ser e mundo. A metáfora da pele já estivera presente nos primeiros têxteis, em roupas e pseudo- roupas, brancas. Entretanto, observar as imagens fotografadas da pele humana influenciaram o uso da cor. O tecido passou a ser aquarelado em tons vermelhos e as formas tridimensionais surgem determinadas, em parte, pelas manchas de cor, remetendo aos órgãos internos, lembrando vísceras, carne. Aqui a costura manual, em si, assume um caráter pragmático. As instalações, compostas por tais formas orgânicas suspensas, ora atraem e ora repelem o público. Visualmente criam um jogo de sobreposições, em perspectivas refeitas pelos deslocamentos do sujeito que interage com a obra. Como afirmou Paul Valéry, " o mais profundo é a pele ". Os corpos se tocam por suas particularidades e qualidades, nos efeitos que produzem no encontro, na forma como um e outro são afetados.